Viver com Alma - Psicologia e Espiritualidade
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A Plenitude do Momento que Passa

2/6/2017

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Encontramos no evangelho uma excelente metáfora do antagonismo entre a preocupação idealista e a vivência, pelo sentimento, do momento presente.  Trata-se da cena em que Maria, irmã de Lázaro lava os pés de Jesus e os seca com seus cabelos, recebendo por isso a crítica de Judas. 
Obs: Existe uma dúvida histórica de qual Maria, a irmã de Lázaro ou Maria de Magdala, teria lavado os seus pés. Embora o artigo enfoque a irmã de Lázaro, hoje tendemos a crer que fosse de fato Maria de Magdala.
Conta-se que Jesus, uma semana antes da crucificação, estando em Betânia, foi convidado por um tal Simão, apelidado o Leproso (talvez fosse um daqueles curados por Jesus) para um jantar. Não faltaram ao jantar  Lázaro (o recém “ressuscitado”) e suas irmãs Maria a Marta.
É certo que em Betânia se tinha notícia das palavras lúgubres que Jesus proferira em caminho, a respeito de sua morte iminente. O banquete era, pois, uma festa de despedida.
Lázaro, como presença importante, sentara-se à mesa; Marta ajudava a servir. Porém Maria, ao contrário de Marta, quando na presença de Jesus se entregava plenamente ao momento.  Já em oportunidade anterior, Marta se queixara de Maria para o Mestre, pois que esta não a auxiliava na cozinha, “apenas” ficava aos pés do Senhor ouvindo as suas palavras. Porém Jesus a advertiu: “Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (veja Lucas, 10, vs.38-42)
Sim, Maria sabia viver o que lhe pedia o coração.
Talvez possamos palidamente imaginar a tristeza de Maria pela aproximação do sacrifício de seu Mestre amado. E mais uma vez procura ser fiel ao coração, em uma demonstração de amor e devoção que ficaria registrada na história (como Jesus ao final prenuncia), compondo uma cena que se nos afigura como uma verdadeira pintura.
Toma de um vaso de alabastro cheio de perfume de nardo genuíno (de grande preço na época), e pacientemente, carinhosamente, unge os pés de Jesus com o óleo, e os enxuga com os seus cabelos.
Que cena única! Ela deu de suas posses e de si mesma, ao secar os pés do Mestre com seus cabelos. Que sublime momento de troca afetiva e pureza de sentimentos.
Porém não faltariam, mesmo ali, os paladinos das causas sociais, dos grandes ideais humanitários que se distanciam dos pequenos momentos e dos pequenos-intensos  sentimentos que perfazem a nossa vida. 
Quando Judas Iscariotes viu o que Maria estava fazendo, observou com aspereza:
- Para que este desperdício? Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários para se dar aos pobres?
Era a voz da racionalidade, a mesma que às vezes esteriliza (com a sua aridez) os nossos sentimentos mais espontâneos.
Mas o que disse o inspirado Rabi da Galiléia? 
- “Por que molestais esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo. Porquanto os pobres sempre os tendes convosco; a mim, porém, nem sempre me tendes. (...) Em verdade vos digo que onde quer que for pregado em todo o mundo este evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.”
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Ao lembrarmos desta história, refletimos sobre como estamos vivendo os pequenos momentos de nossa vida. Estamos vivendo cada momento em sua intensidade, ou estamos preocupados com o amanhã, ou talvez com as grandes causas às quais nos aliamos? Estamos permeando o nosso agir com sentimentos, ou lançando neles uma pá de cal de uma racionalidade sufocante?
Jesus não tergiversou sobre o assunto. Apesar de seu inquestionável amor aos pobres, experimentou o momento único, que possivelmente não mais se repetiria. Também não usou daquela falta de sensibilidade grotesca que às vezes incorremos, quando não queremos aceitar ou mesmo devolvemos um presente recebido – o presente é a expansão de uma alma! E a estamos repelindo....
A passagem é de muita poesia – entrega de Maria, e entrega de Jesus, troca de dois corações afetuosos que se expandem e vivenciam plenamente aquele momento.
Estamos constantemente ligados ao passado, na lembrança do que já se foi, ou antecipando o futuro, sofrendo por antecipação (ou vivendo de sonhos). Às vezes agimos como Marta, estamos sempre correndo, preocupados com os afazeres e obrigações, esquecidos da espontaneidade do coração. Buda já dizia: “viva o agora” e Jesus recomendava “basta a cada dia a sua lida” (Mt 6, 34). A verdadeira experiência se dá no hoje, no agora,  do presente é que se faz a vida!
Aquele que espera a felicidade para amanhã, nunca será feliz. Por um único motivo: a vida é uma sucessão de agoras. Se eu não aprender a viver o agora, não viverei mais momento algum.
Não trata-se de viver ao máximo os prazeres da Terra, ou esperar ao máximo as futuras alegrias do céu. Trata-se de viver intensamente cada momento, dentro do que ele possa nos proporcionar.
Os espíritos trouxeram-nos os conhecimentos da vida espiritual para nos despreocupar ante o temor da morte. E nos tranqüilizando perante o futuro, pudéssemos nos encorajar a viver a plenitude do momento que passa, com a certeza que o futuro é a conseqüência de como vivemos hoje. Não cremos, pois, que ao nos falar do plano espiritual, desejassem roubar-nos a atenção para com a vida presente, vivendo o hoje só em função de gratificações ou penas futuras (como é tão comum entre os religiosos). Mesmo porque não teremos gratificações futuras se não vivermos o hoje com atenção, amor e trabalho.
Importa-nos, pois, viver cada momento com toda a plenitude. Agir sem o receio do futuro ou saudade do passado. Agir não por medo e nem por esperar gratificação. Agir apenas por amor, apenas pelo sentir-se bem.
A este homem nunca faltará o sorriso, a felicidade e o otimismo. E, com certeza, diante das provas da vida, encontrará a paz e a força necessária, pois que carrega em seu íntimo o que mais importa: o AMOR.
Bibliografia:
¨      Lucas, 10, 38-42
¨      João, 12, 1-8
¨      Mateus, 26, 6-13
¨      Marcos, 14, 3-9
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    Luís Augusto Sombrio

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