Viver com Alma - Psicologia e Espiritualidade
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Vida de Médium

2/6/2017

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Entrevista com Francisco do Espírito Santo Neto por Luís Augusto Sombrio
Francisco do Espírito Santo Neto é médium e autor dos livros "As Dores da Alma" e "Renovando Atitudes", entre outros. Seus livros trazem uma abordagem psico-espiritual. No ano de 2002 tivemos uma conversa informal, objetivando o estudo de seu processo anímico-mediúnico. Logo após surgiu a idéia de publicarmos o diálogo no formato de uma entrevista, que aqui reproduzo.
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​Quando da visita do estimado Quico (Francisco do Espírito Santo Neto) a Porto Alegre, em abril de 2002, realizamos com ele uma entrevista bem pouco formal, que nos permitiu salutar troca de idéias.
Que impressão nos causou Quico? É uma pessoa descontraída, bem-humorada, muito simples e de fala mansa e tranqüila, que nos transmite um oceano de serenidade. Tamanha simplicidade oculta de todos a notoriedade que alcançou com seus mais de 350.000 livros vendidos.
No ditado: “10% de inspiração e 90% de transpiração”, encontramos o cotidiano do verdadeiro médium. Quico revela nesta sua entrevista os grandes desafios – internos e externos – que sobrepujou para tornar-se apto ao trabalho que se propôs a realizar. Como resultado, a obra escrita, que todos conhecem, e a obra vivida, que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente.
Assim, apresentamos ao caro leitor o “making of” dos livros psicografados por Francisco: como foram gerados, quais os desafios e dificuldades que enfrentou.
Luís Augusto Sombrio: Quico, como e quando despertou a sua mediunidade?
Francisco do Espírito Santo Neto: Despertou muito cedo, entre a infância e a adolescência. Sempre tive forte inclinação por tudo aquilo que é espiritual, pela religiosidade, enfim, pelas coisas transcendentais.
Eu morava na fazenda de meus pais, em uma casa muito grande cons­truída no início do século. Havia em meu quarto um quadro de um santo, Domingo Sávio, protetor da juventude, na igreja católica. Em muitas noites, acontecia um interessante fenômeno de vidência: eu o via saindo da parede em minha direção e depois iniciávamos um longo diálogo mental. O Espírito falava sobre muitas coisas de minha atual encarnação, orientava-me sobre meus compromissos do presente e revelava algumas de minhas atividades de vidas passadas e, depois, retornava a seu lugar de origem. Também escutava passos de pessoas andarem no enorme porão que sustentava a casa e, igualmente, ouvia vozes ininteligíveis, discussões e sons estranhos. Na época, isso era para mim muito natural, mas, ao mesmo tempo, incompreensível para minha mente infantil. No entanto, hoje compreendo melhor todos esses fatos mediúnicos que ocorriam comigo.
Luís: A sua família era católica?
Quico: Sim, e minha formação religiosa também, pois estudei durante anos em colégios católicos. Apesar disso, minha mediunidade aflorou quando, movido pela curiosidade, juntamente com amigos, fui assistir a um trabalho de umbanda. Ao tomar o passe com o “preto velho” ele me segurou pelos pulsos, fui sentindo que meus braços sumiam e logo após perdi a consciência. Os meus amigos me disseram que eu havia recebido um “preto velho”. Fiquei muito assustado com o ocorrido, pois tinha apenas 17 anos e jamais tinha experimentado esse tipo de sensação. A partir disso, minha curiosidade e interesse aguçaram imensamente meu desejo de saber mais sobre os transes mediúnicos e, sempre que lá voltava, o fenômeno se repetia.
Passou-se um tempo e fui estudar em Ribeirão Preto, cidade próxima de Catanduva, mas continuava a sentir a entidade espiritual, a qual me referi há pouco. Às vezes percebia uma atmosfera perturbadora ao meu redor, em outras ocasiões, um enorme bem estar; via os Espíritos e, quando chegava a noite, as sensações aumentavam. Então, lembro-me perfeitamente que eu me dirigia a uma igreja perto de meu pensionato estudantil para orar e solicitar ajuda e proteção divina. Nessa época eu ainda era católico. Estudava comigo em Ribeirão Perto, um rapaz chamado Vivaldo Cunha Borges, que, por sinal, era muito amigo de Chico Xavier e o ajudava na diagramação dos vários livros psicografados. Certa feita, Vivaldo me presenteou com um exemplar de O Livro dos Espíritos. De início, fiquei com receio de lê-lo, mas, quando decidi, o fiz com determinação. Tive a impressão de que já conhecia os conceitos e idéias do seu conteúdo. Desde lá não parei mais...
Luís: Aquela primeira manifestação foi de uma psicofonia inconsciente. Sua mediunidade seguiu essa modalidade de expressão?
Quico: Eu tive na vida alguns transes inconscientes, ocorridos logo no início de meu despertar mediúnico. Atualmente, definiria minha mediunidade como semiconsciente.
O fenômeno mediúnico se apresenta assim: tenho uma sensação física de completa dilatação, fico enorme e, em outras ocasiões, sinto-me diminuir e ficar muito pequeno. Por vezes, percebo uma espécie de tubo astral que se forma diante de meus olhos, pelo qual vejo pessoas, acontecimentos e lugares. Em outras ocasiões, ouço vozes que me soam claramente em minha casa mental. Alguns ditados que recebo são vozes que apenas reproduzo. Outros, são idéias inspirativas.
Luís: E a psicografia?
Quico: Também é semiconsciente. Sinto um impulso quase irresistível no braço e logo após começo a escrever rapidamente, como se estivesse envolvido numa força elétrica. Quando recebo mensagens de entes queridos (o que acontece ocasionalmente), escrevo com a minha letra, mas, às vezes, ao assinar, noto que o Espírito me toma a mão mais firmemente e a assinatura se torna muito parecida com a do comunicante. Tal fenômeno é comprovado por parentes da criatura desencarnada, que, mais tarde, apresentam-me a assinatura dela. Todos nós ficamos surpresos com a seme­lhança.
Luís: Tens consciência do que está sendo escrito?
Quico: Depende. Quando estou trabalhando em público, sinto que minha consciência é vaga, vejo-me isolado, como em uma atmosfera à parte, alheio a tudo.
Quando faço o trabalho da psicografia, que realizo três vezes por semana, sozinho em minha casa, fico mais desperto, funcionam mais as vias da inspiração e intuição, as idéias brotam com facilidade. Por vezes, ao acordar pela manhã, vêm-me à mente pensamentos e conceitos de que determinado texto que eu escrevera na noite anterior deve ser reescrito. São esclarecimentos envolvidos numa imensa lucidez, fruto da instrução que recebo dos Espíritos Orientadores enquanto durmo.
Minhas duas principais mediunidades são a psicofonia e a psicografia. Como auxiliares, a vidência e a audiência, em menores proporções. Na vidência, observo as entidades como se tivesse olhando para um “chuvisco de televisão”: consigo perceber traços gerais, mas com pouca nitidez.
Luís: Avaliando estes 30 anos de mediunidade, não lhe parece que houve um trabalho da Espiritualidade com o propósito de “afinar” a sua mediunidade, de forma que reunisse condições para psicografar as obras de Hammed?
Quico: Realmente, acredito que fui sendo preparado pouco a pouco para esse trabalho do livro. Eu comecei a psicografia em 1974. Psicografei muita coisa, fiz inúmeros exercícios. A partir de 1991, Hammed começou a solicitar que eu guardasse algum material psicografado para minha análise e reflexão, preparando-me, assim, para dar os primeiros passos rumo à área da literatura espírita. Mas, somente em 1997, publiquei o primeiro livro – Renovando Atitudes.
Luís: Mas este livro já estava pronto desde antes...
Quico: Talvez estivesse espiritualmente pronto nos arquivos de Hammed. No entanto, desde 1994, eu já tinha algum material delineado, mas o Benfeitor me solicitava constantes exercícios. Enquanto isso, eu estudava alguns detalhes importantes na área da psicografia. Muitos dos temas dos livros, eu os recebo durante as palestras públicas e, logo após as reuniões acabarem, elaboro-os e os reviso com a ajuda de Hammed que me aponta o que precisa ser reescrito para ser melhor compreendido. O eixo central dos livros e a grande maioria das mensagens são psicografadas durante as reuniões públicas nas quartas-feiras ou nas reuniões de desenvolvimento mediú­nico, que realizamos nas quintas-feiras.
Luís: Aí, então, saem os capítulos, como Culpa, Inveja, etc... de uma forma resumida?
Quico: Resumida não seria o termo correto, mas sim, necessitando de pequenos reajustes gramaticais e didá­ticos. Nós também temos em nossa instituição um culto, nas quartas-feiras à noite, realizado num local arborizado e florido que denominamos “Jardim da Prece”. É um lugar de muita inspiração para mim. Nessas ocasiões, cabe-me comentar o Evangelho e, em decorrência dessa exposição, eu mesmo aprendo muita coisa com os Espíritos presentes. Logo após meu comentário, registro tudo aquilo que me foi inspirado pela Espiritualidade, e anoto o capítulo do Evangelho que foi objeto de estudo. Quando me encontro com Hammed, coloco o material recolhido para sua apreciação e ele pega todas essas ilações e formata nova mensagem. Dessa forma, temos hoje material suficiente para editarmos uma nova obra baseada em O Evangelho Segundo o Espiritismo. Se for julgado proveitoso, pelos Benfeitores Amigos poderemos lançar outro livro nos moldes do Renovando Atitudes.
Luís: E esse trabalho minucioso, como o faz?
Quico: Executo essa tarefa em três dias da semana, durante mais ou menos duas horas e meia, sozinho, em local reservado na própria instituição.
Também tenho facilidade para receber as intuições e idéias sob a água, como na hora do banho, por exemplo. Aprendi isso nas atividades umbandistas realizadas nas águas correntes. A água absorve, transmite e conduz muitas energias espirituais: é uma excelente condutora de mensagens inspirativas.
Luís: Como se sentes no trabalho que realiza junto aos Espíritos em seu lar?
Quico: Não realizo trabalhos espíritas em meu lar. Esporadicamente, reúno amigos no Culto do Evangelho, e aí podem ocorrer algumas manifestações mediúnicas, ou seja, ditados dos bons espíritos.
Depois, se houve alguma produção escrita, passo a alguns companheiros, para que a leiam e analisem pelo crivo da razão: “O que você acha? Está compreensível? Algumas questões específicas, da área médica e psicológica, repasso-as a alguns profissionais da área para que opinem.
Luís: Considerando a importância que essa obra tem assumido no movimento espírita, posso inferir que a espiritualidade inferior tenha tentado interferir na sua realização. Como isso se dá, se é que o percebe?
Quico: Eu sempre senti essa força contrária querendo deter as tarefas doutrinárias das quais participava. Antes de iniciar esse trabalho do livro, em determinadas ocasiões, pensei que fosse enlouquecer e que não fosse suportar tamanha pressão durante muitas horas do meu dia-a-dia. Por outro lado, eu percebia claramente que, no íntimo, eu era uma pessoa lúcida, que racionava com lógica e detinha equilíbrio. No entanto, havia um mal-estar, uma atmosfera negativa que me perseguiu por mais de três anos sem interrupção.
Porém, eu não tinha a exata consciência do porquê desses fatos estranhos. Digo-lhe sinceramente que nunca me julguei superior a ninguém, mas certo dia pensei: “Se existe toda esta enorme pressão sobre mim é porque tenho que fazer algo que os Espíritos inferiores não querem e desejam sabotar ou necessito me tratar organicamente, pois não estou bem”. Na realidade, era a espiritualidade inferior tentando impedir o serviço espírita.
Luís: Em que período isso ocorreu?
Quico: De 1983 a 1987. E isso começou precisamente quando formei um grupo mediúnico propriamente espírita juntamente com amigos de ideal cristão. Cheguei a passar muito mal mesmo.
Luís: Qual era a atitude dos mentores?
Quico: Traziam advertências e orientações diversas, pediam oração e paciência, mas eu sempre me queixava: “Senhor Jesus, quando isso vai passar?”.
Luís: Em que de fato consistia esse estado: depressão, fobia, ansiedade?
Quico: Era uma sensação de constante perigo. Eu me sentia vigiado e ameaçado.
Luís: Era, pois, uma sintomatologia paranóica?
Quico: Do ponto de vista psiquiátrico, sim. À medida que entrei em maior contato com a falange de trabalhadores do Bem, essa corrente negativa não teve o mesmo acesso que tinha sobre mim. A partir daí, eu tinha momentos de paz indescritíveis alternados com outros de aflição e desânimo profundos.
Felizmente, foram cessando as horas de tormento, enquanto as de tranqüilidade e paz se mantiveram. Hoje em dia, não me deixo impressionar com esses assédios. Percebo que, quanto mais importância dou a eles, mais intensificada ficam as perseguições e mais acusações recebo. Se me dizem:
– “Você não vale nada”.
Respondo:
– “Sim, eu sei. Mas continuo cultivando minha auto-estima”.
– “Você já percebeu que isso não o levará a nada?”
– “Esse é um ponto de vista de vocês, que eu respeito. No entanto, não é o meu. Eu amo esta tarefa, tenho prazer em realizá-la. Então me permitam concretizar meus anseios de trabalhar no bem”.
Luís: Ainda ouve essas sugestões?
Quico: Quase sempre, dentro e fora do trabalho mediúnico, pois médiuns são médiuns vinte e quatro horas do dia.
Luís: O fato de sermos médiuns vinte e quatro horas por dia e apesar de toda a disciplina, não nos dá a possibilidade de desligar a “antena” ao transpor as portas da sociedade espírita. Em algum momento, nessa trajetória, lhe foi anunciada a significância que essa tarefa assumiria?
Quico: Nunca fui alertado quanto a esse trabalho espiritual, pois, caso soubesse, creio que iria me atemorizar diante da extensão do compromisso. Prefiro a espontaneidade dos fatos à antecipação dos planos. Se os Mentores me tivessem antecipado, eu teria tanto receio que nem o teria iniciado (risos). Eu era muito jovem e imaturo, e não me interessava por livros ou qualquer literatura. Sempre tive, porém, uma grande tendência para a síntese e para observar o comportamento humano. A reflexão nessa área sempre me atraiu muito. Mas a literatura em si, não, talvez ela possa fazer parte da minha bagagem de outras vidas, não desta.
Observação do entrevistador: Ante o excelente estilo, clareza e simplicidade de suas obras, somos levados a crer que o médium exercitou a escrita em outras vidas. Sabemos que não basta ao Espírito ser um hábil escritor; os recursos devem ser natos no médium.
Luís: Suponho que a relação médium-mentor deva ser mais ampla do que a concernente à tarefa dos livros. Como é essa relação e de que forma Hammed se faz presente em sua vida?
Quico: (pausa...) Antes de mentor, considero-o meu amigo. Ainda que o considere um excelente orientador, sinto que nutro por ele um amor filial. Sei que ele detém enorme cabedal de conhecimentos, mas sei também que alguma coisa devo saber, pois como disse certa feita o querido Chico Xavier: “do nada não sai nada”.
Ele sempre afirma: – “Não me chame de guia, pois você deve desenvolver o “guia” que há em você mesmo, pois as leis divinas estão na consciência humana, você deve exercitar em segui-las por si mesmo.”
Hammed é um pai e um amigo que me escuta e me faz refletir.
Quando eu lhe pergunto sobre algo a decidir, ele diz:
– “O que você quer fazer?”
Eu respondo:
– “O que o senhor faria?”
– “O que eu faria seria minha escolha, importa o que você quer fazer” – ele responde.
Então, ele sempre me deixa na mão... (risos).
Sinto que sua presença e atmosfera me impulsionam para que eu perceba as coisas e não me precipite. Ele me induz a orar para que eu possa fazer meu melhor. Hammed não me “dá o peixe, mas, me ensina a pescar”, como diz o ditado popular.
Luís: E na sua interlocução com ele, de que modo o ouve?
Quico: Perfeitamente, e às vezes o vejo. O diálogo com ele é muito nítido, o que não me deixa dúvidas.
Luís: Chama-me a atenção, nas obras psicografadas, a citação de autores, como o fazes de Jung, Pascal e outros. Como se processa isso, haja vista a precisão necessária e o fato de sabermos não ser tão fácil obtê-la na manifestação mediúnica?
Quico: 1 – Quanto a Pascal; ele faz parte de uma família espiritual da qual também pertence Hammed. Em vidas passadas, Hammed foi um sacerdote, médico de um convento nas cercanias de Paris, no século XVII, local onde a nobreza da época estudava (por isso um ambiente intelectualizado). Foi justamente neste convento e/ou escola que ele conheceu Pascal, La Fontaine, Fouquet, marquesa de Sévigné, entre outras personalidades. Por isso, ele traz um material muito rico desses pensadores.
Hammed me falou que nós (eu inclusive) vivemos nesse convento, à época do Jansenismo – movimento religioso católico. A partir dessa revelação tentei me corresponder com alguns franceses, e descobri uma agremiação francesa denominada Sociedade dos Amigos de Port-Royal, a qual me filiei para receber maiores informações. Passei os dados pessoais de Hammed, coisas que me revelou particularmente, a esses amigos da França e eles confirmaram sua existência naquele convento e enviaram-me a foto de seu retrato a óleo e sua biografia.
Ele deixou algumas coisas escritas e, segundo essa biografia, era cristão fervoroso e adepto das doutrinas orientalistas. Muitas das informações que já eram de meu conhecimento foram confirmadas por meio dessa sociedade parisiense. Recebi deles, também, a foto do retrato do espírito amigo Lourdes Catherine. Os retratos que Morgilli, um pintor catanduvense fez de Lourdes Catherine e Hammed, em 1988, segundo minha descrição falada, ficaram idênticos aos que recebi da França, em 1994. Fiquei maravilhado.
2 – Quanto às citações desses personagens: quando estou lendo alguma obra que traz o pensamento de Fouquet, por exemplo, vem-me a recomendação intuitiva: “guarde isso”. Assim como de outros autores citados: quando leio, é pedido mentalmente que eu registre a frase. Em outras ocasiões, elas me são ditadas espontaneamente pelos Espíritos nas sessões de psicografia. De uma forma ou de outra, no momento oportuno, elas sempre me vêm à memória claramente.
Luís: Mas algumas citações trazidas por Hammed talvez sejam novas para você...
Quico: Sim, completamente desconhecidas, algumas me vêm nitidamente, sem que eu jamais as tivesse lido.
Luís: Retomando a questão dos seus conhecimentos de psicologia, vejo que tal literatura sempre despertou seu interesse...
Quico: Sou um principiante da literatura psicológica, tenho conceitos básicos. Leio Joanna de Ângelis, além de outros autores; conheço também um pouco sobre mecanismos de defesa e outros conceitos da psicologia...
O pensamento de Hammed, contudo, sobrepuja tal limitação, como percebo. Exemplificando: a forma como ele retira material de uma simples frase de O Livro dos Espíritos ou de O Evangelho Segundo O Espiritismo e faz pontes com os conceitos da sociologia, psicologia, pedagogia, antropologia e demais ciências é algo que eu jamais conseguiria.
Luís: Como avalia a função dessas obras no atual movimento espírita?
Quico: Não desejando ser pretensioso, acredito que os livros de Hammed têm algo a dizer e uma importância significativa. Kardec afirmou que o Espiritismo será o que os homens fizerem dele. Sinto que corremos o risco de nos tornarmos fundamentalistas: em muitas situações interpretamos ao pé da letra o que está escrito, e tudo o que vem de áreas correlatas ou provém de novas interpretações é refutado, sob a alegação de que não consta das obras de Kardec.
Tenho viajado muito e, de norte a sul, vejo que há pessoas na mesma busca que fazemos. Hammed nos dá subsídios para que nós, os espíritas, atualizemo-nos e amadureçamos. Acredito que é um movimento da Espiritualidade Superior para que a Doutrina prossiga no seio da sociedade e não cesse de iluminar as consciências.
Luís: Vejo que as obras de Hammed são de imenso auxílio, inclusive a nós, psicólogos, que aconselhamos sua leitura aos nossos pacientes. Tive a oportunidade de expor, no último congresso da Associação Médica Espírita do Rio Grande do Sul, a relevância desta vertente psicológica que tem surgido com Hammed, Joanna de Ângelis e Eva Pierrakos, esta médium austríaca residente nos Estados Unidos, que produziu material mediúnico compatível com o que ora apreciamos. Tal literatura oxigena o pensamento espírita.
Quico: Aonde vou eu me espanto: psiquiatras e psicólogos me dizem que não tenho idéia de como e quanto esses livros têm ajudado seus pacientes. Fico surpreso, eu não esperava tamanha repercussão.
Quando publiquei o primeiro livro, temi pela sua aceitação. Hammed ponderou: “As pessoas têm filtros mentais, que são seus preconceitos, crenças, valores, vidas passadas por isso, cada uma delas tem suas próprias resistências para aceitar o que lhes é apresentado, mas, de qualquer forma, publique o livro e aguarde os resultados”. Ele perguntou-me em seguida: “Quico, o livro lhe fez bem?”. Sim respondi, tanto que posso dizer que minha vida dividiu-se em duas fases: antes e depois do Renovando Atitudes. “Então vamos adiante”, disse Hammed.
Luís: Houve alguma contrariedade em relação à sua obra?
Quico: Houve casos isolados, em que algumas pessoas tiveram dificuldade para aceitar novas idéias. Até o momento, tenho tido muito mais receptividade do que contrariedade. Hammed me disse: “No dia em que não o convidarem mais para falar, é porque eles não querem mais ouvir o que você tem para dizer. E se você está feliz com o que sabe, eu vou continuar instruindo-o e ambos vamos prosseguir crescendo”.
Luís: À medida que adentramos o pensamento psicológico-espírita, percebemos que seu alcance é muito grande, como na preparação de trabalhadores para o atendimento fraterno, ou na doutrinação, como o temos experimentado.
Quico: Não tenha dúvida. Em nossa casa espírita, usamos todo esse material no trabalho de doutrinação, atendimento fraterno, interpretando as culpas e os ressentimentos guardados e negados e identificando as projeções que comumente fazemos nas coisas e nas pessoas ...
Luís: Existe alguma obra de Hammed no prelo? Como o autor continuará a desenvolver seu pensamento?
Quico: Existe uma obra em andamento – Os Prazeres da Alma – que forma um “complemento harmônico” com As Dores da Alma. Nela, o autor retoma citações de O Livro dos Espíritos, oferecendo novos subsídios a temas como individualidade, segurança, afetividade, lucidez, alegria, desapego e amor, entre outros.
Hammed tem proposta de escrever outro livro, nos moldes de Renovando Atitudes e com ênfase na área de crenças. Ele já cogitou de escrever romances, mas prefere, na atualidade, trabalhar na formação e desenvolvimento de idéias.
Luís: A meu ver, os títulos como As Dores da Alma e A Imensidão dos Sentidos são formas bastante poéticas. De quem são os títulos?
Quico: São de Hammed. Assim como o título de cada capítulo. Ele me pede que copie determinado trecho de O Livro dos Espíritos e, depois, desenvolve a temática. Ao terminar a redação, automaticamente, ele escreve o título. Impressionam-me esses títulos, pois sintetizam plenamente o conteúdo do texto.
Quanto à série dos três livros de bolso, Hammed me disse: “Nosso primeiro livro foi Renovando Atitudes; então vamos chamar o primeiro da série de Sol do Amanhecer, o amanhecer de nosso trabalho mediúnico. Quanto ao segundo, vamos pinçar algumas frases de As Dores da Alma e intitulá-lo de Espelho d’Água, visto que espelho d’água é onde você se enxerga a si mesmo. E Além do Horizonte, o terceiro, trata da mediunidade, o que está além do horizonte da vida material.”
Quanto às capas dos livros, são minhas; eu faço a arte.
Luís: Pode deixar uma mensagem final para o leitor?
Quico: Aproveitando da presença amiga de Hammed neste momento, repito seu pensamento: “Amar é adquirir respeito às próprias fragilidades, bem como às dos outros, entendendo-as. O amor real nos torna menos rigorosos e mais brandos com dificuldades alheias. À medida que aprendemos a amar verdadeiramente, todos nós nos reuniremos em torno de uma só religião – o amor. Aliás, a religião universal professada por Jesus. Amar a Deus, amar ao próximo, amar a nós mesmos. Eis a mais pura essência dos ensinos do Cristo”.
Pois bem, Quico, sê bem-vindo a este Porto Alegre de Deus!


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